Certa
vez, ouvi alguém comparar a vida religiosa com uma engrenagem, uma máquina
repleta de parafusos, roldanas, alavancas, numa percepção endurecida e
robótica. Tal pensamento revela o grau mais imaturo na escala do entendimento
espiritual. Termos como soldados, guerreiros, batalha espiritual são também
frequentemente usados por quem vive a religião deste jeito – rigidez e disciplina
devem ser implacáveis; não existe espaço para a flexibilidade. Afrouxar as
rédeas para estas pessoas é algo perigoso, elas não estão seguras o bastante em
suas convicções a ponto de relaxar, precisam de um esquema militar a fim de
manterem-se na linha. Não raro, também agem de modo implacável com seus
semelhantes, tentando esconder suas falhas por trás da muralha de aparente
perfeição.
Na
verdade, a genuína religião, chegada a maturidade espiritual, é mais parecida
com uma nuvem levada pelo vento, a corrente de um rio, a semente brotando na
terra. É uma dança executada em qualquer lugar, a qualquer hora; uma canção
imaginária dentro do coração. Nenhuma dureza existe, nenhuma peça de metal a
ser engraxada. A rigidez se vai, os padrões morrem, o dogma desaparece.
Deixamos para trás os soldados robôs e sentimos o prazer libertador de sermos
verdadeiramente filhos de Deus.
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