Eu desisti
de querer possuir coisas. Meu desejo era uma planta carnívora devorando qualquer
possibilidade de paz. Nada me bastava, meus sonhos estavam sempre além do que
eu podia obter – constantemente insatisfeito, eu nunca estava bem, cansado dos incessantes
altos e baixos. Até que um dia, entendi que só me serve o que eu posso levar
deste mundo quando eu morrer. Nenhum objeto, por mais caro que seja pode me
livrar da sensação de escassez que persegue a alma humana. Confiar na
efemeridade do universo físico era a razão pela qual me sentia tão infeliz.
Assim,
perder ou ganhar tornou-se categoria única. Meu desejo de reconhecimento pelo
que eu pudesse possuir desapareceu. A realidade de ser superou a ilusão de ter.
Antes
de acordar espiritualmente, nós fazemos tudo para nos sentir socialmente
superiores, tentando mostrar nossa importância através daquilo que possuímos
externamente. Isso é frustrante, pois lá no fundo a sensação de falsidade e
impotência perturba a nossa paz.
Quando
mudei minha mente, a inconstância emocional teve fim. Enraizei-me no terreno
onde todas as coisas duram eternamente. A cegueira do desejo nunca mais me
aborreceu. Encontrei na simplicidade dos sentimentos puros o meu tesouro. Então
eu fiquei inteiro. Passei a ter uma vida real.
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