domingo, 28 de abril de 2013

Aceite a incerteza


A incerteza é o estado natural da existência neste planeta. Tentar conquistar a segurança material a qualquer custo, chegando à tão sonhada estabilidade é uma saída falsa incapaz de acalmar a mente com eficácia – a vida oscila como as chamas de uma fogueira, modificando-se como as estações. Aceitar a incerteza é dançar conforme a sinfonia regente, nada precisa ser permanente, coisa alguma necessita ser possuída. A busca pela estabilidade gera desconfortos, promove angústias, desequilíbrios emocionais e doenças físicas. Achar que se alcançou tudo – um emprego incrível, o casamento perfeito, bens materiais sólidos – e no fim das contas encarar o sentimento de que algo mais ainda precisa ser feito é desesperador. O contrário daquilo que foi desejado acontece. Quanto mais aparente estabilidade é almejada e construída mais insegurança nasce, a impotência de manter as conquistas intocáveis mergulha a mente iludida em severa frustração, os castelos de segurança são matéria muito frágil. Por fim, mesmo que nada seja tirado, a sensação da morte iminente arrastando tudo consigo produz constante insatisfação e infelicidade.
A única coisa certa é a incerteza de todas as coisas. Arrecadar o necessário para uma vida digna, deixando-se levar ao sabor da maré sem nadar cansativamente a fim de alcançar a praia almejada é a solução para a paz de espírito em meio à busca desenfreada pelo acúmulo material e posição social elevada que está sufocando vidas com seu entulho destruidor. A paz interior só se alcança quando se está vazio de venenosas ilusões, onde a alma destrói seus arranha-céus de concreto e num terreno aberto deixa brotar as folhas de um verde novo.

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