A
incerteza é o estado natural da existência neste planeta. Tentar conquistar a
segurança material a qualquer custo, chegando à tão sonhada estabilidade é uma
saída falsa incapaz de acalmar a mente com eficácia – a vida oscila como as
chamas de uma fogueira, modificando-se como as estações. Aceitar a incerteza é
dançar conforme a sinfonia regente, nada precisa ser permanente, coisa alguma
necessita ser possuída. A busca pela estabilidade gera desconfortos, promove
angústias, desequilíbrios emocionais e doenças físicas. Achar que se alcançou
tudo – um emprego incrível, o casamento perfeito, bens materiais sólidos – e no
fim das contas encarar o sentimento de que algo mais ainda precisa ser feito é
desesperador. O contrário daquilo que foi desejado acontece. Quanto mais
aparente estabilidade é almejada e construída mais insegurança nasce, a
impotência de manter as conquistas intocáveis mergulha a mente iludida em
severa frustração, os castelos de segurança são matéria muito frágil. Por fim,
mesmo que nada seja tirado, a sensação da morte iminente arrastando tudo
consigo produz constante insatisfação e infelicidade.
A
única coisa certa é a incerteza de todas as coisas. Arrecadar o necessário para
uma vida digna, deixando-se levar ao sabor da maré sem nadar cansativamente a
fim de alcançar a praia almejada é a solução para a paz de espírito em meio à
busca desenfreada pelo acúmulo material e posição social elevada que está sufocando
vidas com seu entulho destruidor. A paz interior só se alcança quando se está
vazio de venenosas ilusões, onde a alma destrói seus arranha-céus de concreto e
num terreno aberto deixa brotar as folhas de um verde novo.
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